terça-feira, 3 de abril de 2018

Tecer as palavras do real


"O Vento"

O vento sopra contra
As janelas fechadas

Na planície imensa
Na planície absorta
Na planície que está morta,

E os cabelos do ar ondulam loucos
Tão compridos que dão a volta ao mundo.

Sento-me ao lado das coisas
E bordo toda a noite a minha vida

Aqueles dias tecidos
Que tinham um ar de fantasia
Quando vieram brincar dentro de mim.

E o vento contra as janelas
Faz-me pensar que eu talvez seja um pássaro.


Obra Poética I / Sophia. Lisboa: Caminho, 1999.

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