A Civilização Grega - ideias finais (I)
Tentámos
por aqui fazer uma viagem sobre a arte desde a Pré-História, as
Civilizações Pré-Clássicas e as suas principais marcas que se
desenvolveram na margem do Mediterrâneo. A Civilização Grega foi um
marco na História da Humanidade. Demos-lhe um significativo destaque.
Esta viagem poderia continuar e talvez seja uma ideia interessante
fazê-lo no próximo ano letivo, não só porque é uma componente curricular
de uma disciplina, mas porque o mundo que herdamos é feito de uma
memória que influencia o modo como pensamos e cria possibilidades para a
vida que ensaiamos construir. Para os últimos três dias, uma ideia
final e duas publicações sobre esse mar visual de grande significado que
é a Civilização Grega.
A
mitologia, as lendas, as narrativas orais foram uma das formas de
realizar uma aprendizagem para um povo disperso entre cidades-estados e
ilhas, no vasto Mediterrâneo. Esses textos deram unidade a uma cultura, a
uma língua e retratam o modo como a memória se integrava no quotidiano
da sociedade grega. Desse tempo ainda permanecem dois livros fundadores,
A Odisseia e a Ilíada, ambos atribuídos a Homero. São dois textos sobre
a procurar definir a viagem, como lugar de procura e de encontro, mas
também sobre o sentido que podemos tirar da vida. É desta realidade
última que fala a Ilíada.
Na Ilíada encontramos um poema épico que nos retrata uma figura essencial da narrativa de Homero, Aquiles. Este transtornado pela perda do amigo Pátroco mata Heitor, arrasta-o até ao túmulo
daquele e acaba por restituí-lo a Príamo, rei de Tróia.
Trata-se
de um episódio relativo à
guerra de Tróia e esta narrativa, a Ilíada coloca-nos questões muito
relevantes, que ainda nos importam. É importante compreender que estas
vozes do passado podem ainda nos fazer refletir sobre as possibilidades
do nosso próprio mundo, pois as grandes questões são as mesmas. Qual o
significado da vida, como enfrentar a perda e a finitude daquela.
A Ilíada sobre um fundo de uma narrativa épica fala-nos sobre o sofrimento humano e como é difícil
passar ao lado das dificuldades da própria vida. Como superar as
dificuldades, as surpresas que tantas vezes se encontram na vida?
É
a defesa da sua auto-estima
que faz lutar Aquiles. São os valores da sua identidade que fazem lutar
Heitor.
Valores diferentes e que comportam o valor individual, suficiente só
consigo ou
o que integra os outros. E ainda que o valor máximo é a vida. É isso que
Aquiles compreende nos momentos finais, no funeral de Heitor. A morte
como o
fim único e possível para todos os seres vivos é a lição final da
Ilíada. A vida como espaço de efemeridade, sem proteção absoluta, mas
encantadora pelo desafio de defesa de uma ideia, de um sonho, de uma
respiração.
Aquiles,
herói da guerra de Tróia, representação (museu de Atenas)