quarta-feira, 4 de abril de 2018

Leituras - Silêncio


“Ninguém é pátria, todos o somos.” (Jorje Luís Borges)

Silêncio é um livro raro que junta em um pouco mais de cinquenta páginas imagens, poemas, ideias, pessoas de um Planeta na sua ampla diversidade. E é ainda uma composição musical desse vasto e diverso mundo. Com imagens de João Francisco Vilhena, pequenos textos / poemas de António Mega Ferreira e músicas de Pedro Oliveira, Silêncio é um livro que propõe uma viagem aos seus leitores.

Fazendo uma escolha de lugares onde vivem pessoas num sentido minimalista da paisagem, o livro procura encontra os espaços e as emoções para essa definição possível do silêncio. Propõe-nos uma viagem em diferentes sentidos, ao tempo, ao espaço, à construção da paisagem e da memória em nós.

Silêncio é uma viagem a espaços, em que eles próprios se constroem dentro do silêncio com os objectos que ficaram dos despojos do tempo, em mundos quase perdidos na ausência de uma palavra e de uma memória. É uma viagem a momentos inaugurais da vida geológica, como um mundo acabado de nascer ou à pequena luz que dá formas ao negro, em casas de silêncio. 

Silêncio propõe-nos uma viagem para recuperar o esquecimento e para compreender o que ficou de uma memória, ou o que fica da paisagem em nós. É uma viagem para entender substantivamente como o real se desfaz de memória e como é importante construir uma linguagem para dar conta "da obscenidade do mundo". É, enfim um livro para viver o sonho antigo da Terra e fazê-lo nascer numa janela de azul, com o corpo do silêncio.

Silencio é um livro raro, pois se todos eles podem ser uma pérola nessa construção essencial de uma conversação, este em particular assume uma dimensão de grande valor simbólico, pois remete-nos para as latitudes da palavra na respiração das coisas. Diz-nos em diferentes modos que aquilo que habitamos no pó de estrelas dos cometas é uma porção de descoberta e construção em cada um.

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