«As
chamas cor de laranja acenavam à multidão enquanto o papel e as letras
se dissolviam no seu interior. Palavras incendiadas eram arrancadas às
suas frases. Do
outro lado para lá da neblina do calor, era impossível verem-se as
camisas castanhas e as suásticas a darem-se as mãos. Não se viam
pessoas. Apenas fardas e símbolos.Lá em cima os pássaros davam voltas.Descreviam
círculos, atraídos pelo brilho... até se aproximarem demasiado do
calor. Ou seria dos humanos? O calor, seguramente, não era nada.» (1)
(Não
foi assim há tanto tempo, em que num dos Países, expoente da
civilização ocidental, se destruiram livros, como se a palavra impressa
impedisse qualquer construção sólida do futuro, como se queimando um
livro se apagasse a força das suas ideias, como se elas assim já não
existissem. Foi em Bücherverbrennung,
expoente de um ódio que se viraria para as pessoas, para a sua
dignidade humana. Por mais que estudemos será sempre difícil compreender
essa doença do espírito que foi o Nazismo. Poucas vezes a História e os
seus processos de estudo paraceram tão incapazes de compreender a
loucura como aqui).
(1) Markus Zusak, A Menina que Roubava Livros
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