segunda-feira, 14 de abril de 2014

Leituras - A culpa é das estrelas

"É nisso que acredito. Acredito que o universo quer que reparemos nele. Acho que o universo é improvavelmente preconceituoso em relação à tomada de consciência, que em parte recompensa a inteligência porque o universo aprecia que a sua elegância seja observada. E quem sou eu, a viver no meio da História, para dizer ao universo - ou à observação que faço dele - que é temporário?" (pág. 182)

A literatura muitas vezes é avaliada como uma fuga ao real, as histórias que nos fazem viajar, sonhar, construir múltiplos reais. Há nesse campo livros que nos contam uma história, que nos dão informações, nos fazem compreender melhor o que podemos viver. E depois há os outros livros, os que tentam colocar a vida, a que vivemos, os medos maiores, os desesperos num universo que é temporalmente finito, onde a consciência não existe. Os livros com todo o silêncio que habitamos, a pedra última de que somos feitos.

A culpa é das estrelas é um livro sobre essa doença terrível, o cancro, todas as dificuldades, todas as dúvidas, o ritual dos tratamentos, a angústia de que um doente é um conceito incorrecto, um acidente cósmico, nessa luta por sublimar o corpo perante as possíveis perdas. É um livro sobre o amor entre dois adolescentes e a construção de uma finitude breve ou mais longa, nessa luta por onde o universo mostra a sua intenção de funcionar pelo que é possível.

Um livro imenso, quase genial em que as emoções, as cicatrizes que no fim todos deixaremos pelo mundo serão substantivas apenas dessa ideia de dar atenção, de olhar e construir pequenas infinidades num universo feito de dias onde o desejo, o nosso desejo não é o seu motivo existencial, funcional e perceber isso. Perceber isso na adolescência.

A história de Hazel e Angustus é mais do que uma ficção, é a vida que escorre no que podem ser as nossas possibilidades, a nossa capacidade de ser e de amar quando o relógio caminha muito depressa para um fim e onde uma infinute se percebe nos momentos mais difícieis e onde se compreende que elas, as infinutes são diversas e de diferente grandeza. 

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