segunda-feira, 27 de março de 2017

Leituras - A Senhora dos Açores

" (...) agora, que fazia sol, vi uma paisagem de rara beleza, pareceia uma terra de fogo que por brincadeira tinham posto a flutuar no oceano. " (1) 

As ilhas ocidentais não são apenas um território de diferentes formas espalhadas no mar aberto do Atlântico. As ilhas ocidentais  não são apenas promontórios, dos mais belos vistos sobre esse mar que se confunde com o céu.  Nem são só o momento inicial, a natureza fundida pelos elementos em cores vivas e deslumbrantes. Não são apenas um quadro de muros negros, onde flores e prados se mudam de azul e de sopro do vento arrastado por nuvens em circulação. ilhas ocidentais  são tudo isso e ainda mais do que isso.

Elas são um território humano habitado por mitos e fantasmas, expressão de histórias vividas entre a pobreza e a solidão durante muitos séculos. Elas são ainda um património de sentimento antigos, uma memória, a construção de um imaginário entre o silêncio e essa natureza que determinou a vida.

A senhora dos Açores é a leitura ficcionada do encontro de uma cidadã estrangeira com um lugar, os residentes e os que procuraram na Califórnia a superação da pobreza, o mergulho numa terra que vive numa dimensão intemporal conciliando o mais deslumbrante com as mágoas da vida.

 A senhora dos Açores é a viagem e o conhecimento de uma ilha, o Pico, as formas de vida e todas as histórias dos que saíram dos espaços de bruma e com o seu património foram descobrir outras formas de registo humano. A emigração e o que ela transportou de açoriano e o que ela transformou nos que ousaram essa viagem. Escrito por uma jornalista italiana, Romana Petri, dá-nos em A senhora dos Açores, um conjunto de histórias antigas, a magia de um lugar e o sentido de isolamento que muitas vidas colhem e o que com ele fazem.

A senhora dos Açores obteve o Prémio Grinzane Cavour e é um pequeno livro sobre um imensidão humana e natural, a Ilha do Pico. Entre os escombros das partidas, as línguas dos países da emigração sobre algo essencial, a vida. Neste pequeno livro encontramos o rosto belo desses olhos de azul que enchem os Açorianos. Nele percebe-se melhor essa felicidade com lágrimas que constrói muito dos que nasceram nas Ilhas Ocidentais. Se a natureza instalou um património do princípio do mundo, a vida na sua viagem de memórias e de reconstruções construiu um material de grandeza muito substantiva. A senhora dos Açores é sem dúvida um pequeno grande livro sobre os Açores e em particular sobre a Ilha do Pico.

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