terça-feira, 1 de julho de 2014

Leituras - O eterno retorno do fascismo

"As pessoas são abandonadas pelo sistema educativo que renunciou à educação liberal da arte e das humanidades, a uma educação espiritual e moral que permita ao indivíduo tornar-se uma pessoa de carácter. A educação curvou-se perante os ditames do que é útil às empresas e ao Estado.

As pessoas são abandonadas pela elite do mundo dos negócios, a que exerce maior influência na nossa democracia capitalista. Essa elite envenenou a sociedade com a ideia de que ganhar muito dinheiro é a coisa mais importante na vida. Ao difundirem a crença no "valor do mercado" como medida absoluta do que é ou não é importante, essa elite é responsável pela destruição de grande parte dos valores imateriais que, além de não renderem dinheiro, custam dinheiro (a arte, o património, a assistência a pessoas vulneráveis).

As pessoas são abandonadas pelas elites políticas, tanto de esquerda como de direita, que abdicaram dos seus princípios, visões e ideias, trocando-as pela falsa moeda das boas graças do eleitorado e do que está na moda. Movidos, pelas conveniências e por um pragmatismo destituído de imaginação, optam por uma só via, o populismo. Ora a política populista é sempre enganadora porque não é mais do que a representação dos actuais medos e desejos de uma sociedade de massas e da sua cultura kitsch. (...) Esta traição das elites transforma o homem comum num homem-massa, reduzindo a sua identidade à do cliente, votante, espectador ou escravo do dinheiro". 

Um livro essencial, humano, com as palavras no mais íntimo da respiração, à procura do que limita a procura da beleza, da arte, dos valores espitituais. Um pequeno tratado para alimentar uma luta que os cidadãos têm de travar contra as novas formas de totalitarismo social e cultural, os janotas que se passeiam nos media e os aspirantes a destruir a humanidade no seu sentido essencial.

Um livro para compreender uma cegueira instalada, a anestesia de um fundamentalismo colectivo que o governo de irrevogáveis alimenta. Páginas em defesa da nobreza de espírito que os partidos do poder e as instituições ignoram e desprezam. Linhas para lutar contra a miséria instalada que premeia os spin doctors do materialismo e despreza o valor humano das pessoas. Um livro para alimentar a ideia essencial de Dylan Thomas "Rage, rage against the dying of the light".

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