terça-feira, 1 de julho de 2014

A Pina Baush - da fantasia do corpo e do sorriso

Embalou o corpo entre o encanto e o desencontro, numa fanatasia. Foi a grande criadora da dança moderna e fez da expressão da vida uma pintura de encanto. Actuou muitas vezes em Portugal e deu a quem teve o privilégio de ver os seus espectáculos uma oferta de encantamento. Há cinco anos (a trinta de Junho) que resta-nos a memória de uma coreografia onde experimiu de um modo sublime o sentimento, o corpo e a graça.

Os seus movimentos foram tão belos que as palavras seriam uma imperfeição. Por momentos podemos pensar que há criadores que ultrapassam as palavras, as impedem de devolver a substância dos gestos, "a pedra" de que a intimidade soube respirar. 
Resta-nos uma memória viva da sua graça, da sua sabedoria, pois o encantamento do corpo e a alegria do sorriso, ou o desencanto são também formas de sabedoria. As imagens do corpo, da dança, e da precaridade da vida tão ambiciosa em sonhos, mas tão limitada na eternidade.

A morte, pode ser "uma deslocação dentro da vida", um dano pouco relevante no mecanismo universal do universo, mas é para nós que vivemos numa dimensºao de realidade diferente, um insulto à experiência que se perde. Na memória retenhamos quem nos trouxe a nossa própria dimensão de frente para os olhos, onde nos admirámos do que sabemos ser possível construir e do que inevitavelmente perderemos. Chamava-se Pina Baush e foi uma artista, no melhor sentido da palavra.

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