quarta-feira, 2 de abril de 2014

O imaginário da memória



“Não quero fazer má história das sensibilidades, mas o orgulho urbano medieval exprime se neste desejo de subir, de construir para o céu. […] Na Idade Média, o eixo de orientação valorizado vai de baixo para cima. Acontece que já afirmei e até escrevi que a cidade ideal da Idade Média, precisamente enquanto imagem tal como a vemos mais, aliás, na pintura do que na realidade […] é Manhattan. Esta tendência deve alguma coisa à falta de terreno – tanto mais que, com a construção de muralhas, o terreno é limitado -, mas deve sobretudo ao prestígio, à simbólica. As famílias ricas, principalmente nas cidades onde a nobreza se instalou, procuram ter uma torre mais alta do que a da família rival. Afinal, San Gimignano prenuncia Manhattan, a qual realiza uma das mais poderosas formas do imaginário medieval: a verticalidade”

       Jacques Le Goff (1 de janeiro de 1924, 1 de abril de 2014), Por amor das cidades.
(Para lembrar, o valor das ideias, o papel da memória, do saber aos que no furor da arrogância financeira pretendem vender todo o espírito humano a qualquer irrelevante utililidade.)

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