segunda-feira, 25 de novembro de 2013

José Maria...

«Uma nação vive, próspera, é respeitada, não pelo seu corpo diplomático, não pelo seu aparato de secretarias, não pelas recepções oficiais,(...); isto nada vale, nada constrói, nada sustenta;(...). Uma nação vale pelos seus sábios, pelas suas escolas, pelos seus génios, pela sua literatura, pelos seus exploradores científicos, pelos seus artistas». (1)

   José Maria de Eça de Queiroz, o nosso Eça, nasceu a vinte e cinco de Novembro de 1845 na Póvoa do Varzim, justamente há cento e sessenta e oito anos. É um dos autores mais importantes para o estudo da sociedade contemporânea portuguesa. A sua obra continua imensamente actual.
  Eça de Queiroz estudou entre o colégio da Lapa, na cidade do Porto e a Universidade de Coimbra, onde entra no primeiro ano, em 1861. Em 1866 forma-se em Direito e passa a viver em Lisboa, onde exerce a profissão de advogado. Nesse mesmo ano inicia a publicação de folhetins que são publicados na Gazeta de Portugal e mais tarde reunidos nas Crónicas Bárbaras.
  Entre 1869 e 1870 publica diferentes obras, como os versos de Fradique Mendes, O Mistério da Serra de Sintra em parceria com Ramalho Ortigão e inicia a publicação das Farpas. Em 1871 é nomeado 1º Cônsul nas Antilhas espanholas, transitando depois para Cuba onde permanece dois  anos. Em 1874, passa a desempenhar a sua actividade em Inglaterra e é em Newcastle que termina o Crime do Padre Amaro. Entre 1883 e 1887 refaz algumas das suas obras e publica o Conde D’Abranhos e Alves & Companhia. Em 1888 publica a sua grande obra, Os Maias e é nomeado Cônsul em Paris. Continuará a escrever diferentes textos e obras, como A Ilustre Casa de Ramires ou a publicação na Revista Moderna, em Paris.
  Eça de Queirós tendo vivido na parte final do século XIX soube pela sua capacidade de análise do quotidiano e da organização social, traçar com humor algumas das características deste País.
  O diagnóstico de uma classe política naufragada onde os interesses particulares parecem não ser capazes de organizar institucionalmente o País, onde as ideias tantas vezes decididas em circunstâncias de acaso parecem ameaçar um País de oito séculos de história à sua sobrevivência.
  Vindo do século XIX é um modernista na escrita e no pensamento que nos deixou. A sua obra tem a marca dos grandes escritores que pretendeu agitar nos cidadãos de um País a ambição não só de existir, mas de acompanhar a civilização nos seus aspectos mais modernos e transformadores da vida. 
  A utilização do humor, como forma superior de caricatura do mais banal e trivial no quotidiano deu-lhe uma dimensão quase intemporal pela afirmação da cultura e da arte como formas de exprimir uma sociedade. Sociedade cuja espuma dos dias é diferente pelos mais evidentes motivos, mas cujas ondas ainda se organizam em princípios que Eça explicitou há mais de um século.

(1) Eça de QueirozDistrito de Évora
Imagem, in contosdocovil.wordpress.com

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