quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Descendo a avenida ... rapidamente

Descia a avenida rapidamente, fugindo o mais possível, desse lugar que amou e já não compreende. Participar no mundo tornou-se difícil. Amou o latim e o grego, quis doá-lo como oferta de uma cultura, como um património para todos os renascimentos geracionais. Já é tarde, dizem, os que no delírio dos soundbytes, usam uma aparente simplicidade que tudo faria compreender, tudo transformaria. 

Na rapidez do passo, outra geografia, outros sonhos, onde a escrita possa ser possível, onde os gestos cuidados tinham um sentido, uma gratidão pelo sorriso generoso e riso aberto. Por aqui, por estes muros, a ousadia parece-lhe cansada, sem brilho, desfocada da ideia de beleza. Propostas rápidas para gestos cansados confirmam um novo tempo, crescente das mágoas insuficientes, para voltar a criar nos contornos dos dias. A rapidez do seu passo é a fuga de uma mágoa, tão presente como o arco-íris.

E destas múltiplas respirações, deste abandono sem grandeza, chegam à praia, a espuma do consolo econométrico, da grandeza romântica que transformou a escola num ATL sem imaginação. Outros virão, de um tempo sem memória, confirmando o sono civilizacional que a elite inspiradora de tempos modernos recriou em receitas de prosperidade infalíveis. Observo-lhe ainda os passos e fico com esta imagem perdida, de que perdemos como sociedade, como possibilidade de inscrevermos o dia de cores autênticas.

(No início de mais um ano escolar, a saudade dos que à pressa saíram para conservar uma dignidade que desapareceu das paredes de saber e escrita, do que ainda se chama escola).

Imagem, Faisal Almalki, Lastest in Street, in http://1x.com/ 

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