quinta-feira, 21 de março de 2013

Ilhas de azul


"As aves ligam e tecem fio-a-fio a humidade, a névoa constante, o recolhimento, a solidão e o sonho meio adormecido. São a voz da floresta encantada, da floresta submersa e perdida num recanto da ilha." (1)


Se a viagem é um mistério, a descoberta no movimento do que no real nos surpreende e comove, há exercícios de palavras que ambicionam pincelar os sonhos. Ilhas Desconhecidas é um desses raros momentos em que as palavras parecem compreender a vida que emerge do tempo.

Desse tempo geológico, onde vales e montanhas alimentam as flores, os cheiros, as cores e a atmosfera do azul nascente e da névoa que adormece as árvores. A viagem tem aqui a sua essência mais bela, a sua mais particular acção no encontro vivo com o olhar. A viagem como caminho, descobrimento do que sabemos ser.

Os passos e o olhar para a construção do movimento que se inunda da luz, do azul para reconstruir no quotidiano gestos mais ricos e empenhados. Ilhas Desconhecidas é um encontro maravilhado com o mar, o azul, todas as cores que fazem dos arquipélagos da Madeira e dos Açores uma construção de arco-íris de sonhos. Os que repousam nos homens, mas também no oceano, nas nuvens, entre a neblina e a claridade difusa dos elementos.
                            (1) Raul Brandão, Ilhas Desconhecidas
                                    Imagem, in fugas.publico.pt 

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