"As aves ligam e tecem fio-a-fio a humidade, a névoa
constante, o recolhimento, a solidão e o sonho meio adormecido. São a voz da
floresta encantada, da floresta submersa e perdida num recanto da ilha."
(1)
Se a viagem é um mistério, a descoberta no movimento do que
no real nos surpreende e comove, há exercícios de palavras que ambicionam
pincelar os sonhos. Ilhas Desconhecidas é um desses raros momentos em que as
palavras parecem compreender a vida que emerge do tempo.
Desse tempo geológico, onde vales e montanhas alimentam as
flores, os cheiros, as cores e a atmosfera do azul nascente e da névoa que
adormece as árvores. A viagem tem aqui a sua essência mais bela, a sua mais
particular acção no encontro vivo com o olhar. A viagem como caminho, descobrimento
do que sabemos ser.
Os passos e o olhar para a construção do movimento que se
inunda da luz, do azul para reconstruir no quotidiano gestos mais ricos e
empenhados. Ilhas Desconhecidas é um encontro maravilhado com o mar, o azul,
todas as cores que fazem dos arquipélagos da Madeira e dos Açores uma
construção de arco-íris de sonhos. Os que repousam nos homens, mas também no
oceano, nas nuvens, entre a neblina e a claridade difusa dos elementos.
(1) Raul Brandão, Ilhas Desconhecidas
Imagem, in fugas.publico.pt
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