Desde
que Tocqueville nos ensinou como uma nação se constrói em oportunidades
de trabalho e de generosidade pelos direitos de representação dos
eleitos e de coerência pelas possibilidades de vida quotidiana dos
eleitores, uma representação simbólica era uma unidade cultural.
Unidade
cultural e social, onde os eleitores tinham pela capacidade de
utilização de uma disciplina racional, assente na leitura, na escola e
na solidariedade familiar de assumir em diferentes áreas o contrapeso ao
poder absoluto de uma minoria eleita.
A
Democracia, era então uma ideia nobre de representação popular, que
todos podiam contribuir com as suas ideias e onde podiam intervir. Em
Portugal, após décadas de decadência moral acreditámos que por aqui
também era possível construir uma sociedade com todos, com as suas
ideias, regulando os excessos.
Apesar
de a História de Portugal dos últimos três séculos ser um desastre para
essa ideia, a contemporaneidade parecia dar-nos alguma esperança. Após
as experiências "socráticas" dos últimos anos, muitos pensaram ser
possível acreditar nas ideias, nas capacidades de líderes novos. Não
existem líderes novos em Portugal.
As
medidas do Ministro da Educação no prémio aos alunos do secundário, o
contexto da sua revogação, a ausência de ideias expressas em quem tinha
habitado o Olimpo dá-nos essa certeza de que aqui não moram
possibilidades ao novo e à vontade de mudar.
As
medidas continuamente anunciadas pelo primeiro-ministro de austeridade cega
revela-nos, mais do que uma tragédia social, o essencial sobre eles
próprios. O capital deve marchar sobre o trabalho, deve esmagá-lo, pois
exemplos de generosidade e de abertura dos patrões ou de solidariedade
social é por aqui cultivado com a persistência que todos conhecemos.
O
País muda de governo, as ideias que se propõem não se concretizam e
tudo pode ser alterado, sem que o contrato eleitoral se possa indignar.
Ensinar Mostesquieu aos alunos de Direito é um luxo para aspirantes de
cidadania sem efeitos. É esta a grande crise moral do País. A palavra
nada vale e por isso a acção dos que governam tem a verdade imutável do
momento.
Custa
admiti-lo, mas Eça previu a nossa grandeza há muito tempo: "Existir,
apenas existir, sem grandeza, sem participar no movimento da
civilização". A Democracia, ou o que dela fazem as instituições
nacionais é uma caricatura grotesca do País, onde nada se inscreve no
real. Um País de sol vive adormecido num nevoeiro de passividade e numa gestão de mediocridade.
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