terça-feira, 19 de março de 2013

Dead Confiance Line

Desde que Tocqueville nos ensinou como uma nação se constrói em oportunidades de trabalho e de generosidade pelos direitos de representação dos eleitos e de coerência pelas possibilidades de vida quotidiana dos eleitores, uma representação simbólica era uma unidade cultural.

Unidade cultural e social, onde os eleitores tinham pela capacidade de utilização de uma disciplina racional, assente na leitura, na escola e na solidariedade familiar de assumir em diferentes áreas o contrapeso ao poder absoluto de uma minoria eleita.

A Democracia, era então uma ideia nobre de representação popular, que todos podiam contribuir com as suas ideias e onde podiam intervir. Em Portugal, após décadas de decadência moral acreditámos que por aqui também era possível construir uma sociedade com todos, com as suas ideias, regulando os excessos.

Apesar de a História de Portugal dos últimos três séculos ser um desastre para essa ideia, a contemporaneidade parecia dar-nos alguma esperança. Após as experiências "socráticas" dos últimos anos, muitos pensaram ser possível acreditar nas ideias, nas capacidades de líderes novos. Não existem líderes novos em Portugal.

As medidas do Ministro da Educação no prémio aos alunos do secundário, o contexto da sua  revogação, a ausência de ideias expressas em quem tinha habitado o Olimpo dá-nos essa certeza de que aqui não moram possibilidades ao novo e à vontade de mudar.

As medidas continuamente anunciadas pelo primeiro-ministro de austeridade cega revela-nos, mais do que uma tragédia social, o essencial sobre eles próprios. O capital deve marchar sobre o trabalho, deve esmagá-lo, pois exemplos de generosidade e de abertura dos patrões ou de solidariedade social é por aqui cultivado com a persistência que todos conhecemos.

O País muda de governo, as ideias que se propõem não se concretizam e tudo pode ser alterado, sem que o contrato eleitoral se possa indignar. Ensinar Mostesquieu aos alunos de Direito é um luxo para aspirantes de cidadania sem efeitos. É esta a grande crise moral do País. A palavra nada vale e por isso a acção dos que governam tem a verdade imutável do momento. 

Custa admiti-lo, mas Eça previu a nossa grandeza há muito tempo: "Existir, apenas existir, sem grandeza, sem participar no movimento da civilização". A Democracia, ou o que dela fazem as instituições nacionais é uma caricatura grotesca do País, onde nada se inscreve no real. Um País de sol vive adormecido num nevoeiro de passividade e numa gestão de mediocridade.

Sem comentários:

Enviar um comentário