terça-feira, 2 de junho de 2020

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                                      A Civilização Grega - As manifestações artísticas: a cerâmica e a pintura


A cerâmica pintada foi uma das grandes manifestações artísticas da Civilização Grega. A sua exportação para toda a área do Mediterrâneo foi um dos contributos desta civilização no Mundo Antigo que não tinha atingido ainda este grau de exuberância. A cerâmica grega foi um dos produtos que dava rendimento às cidades-estado e que se alargou em todo o Mediterrâneo, tendo chegado também a zonas tão distantes como a Pérsia ou o espaço da Europa Continental, como a Gália ou a Germânia.

A cerâmica grega difundiu-se em diferentes períodos com características diversas. Era  produzida em oficinas artesanais que de estenderam por toda a Grécia, embora se deva destacar o papel preponderante das oficinas atenienses. Dos diversos estilos os mais interessantes pelas inovações foram as produções de cerâmica coríntia e a ática. 

A cerâmica grega teve diversas formas e diferentes funções. Serviu para uso doméstico, para fins religiosos e comerciais e até para rituais ligados à morte. A cerâmica grega é uma das fontes para o estudo desta civilização, pois nela se retratam episódios da vida social, económica, cultural, quotidiana e religiosa dos gregos.  A cerâmica grega permite estudar a evolução dos elementos plásticos e expressivos da arte grega, assim como o desenho e os elementos pictóricos e o modo como se foram modificando.

Podemos destacar os seguintes períodos da cerâmica grega:
1 - séculos IX a VIII a.C. - desenvolve-se o chamado estilo geométrico que sofreu a influência de outras culturas mediterrânicas, como a das civilizações minóica e cretense. A decoração é feita à base de elementos geométricos que são organizados em frisos paralelos. Nestes surgem várias linhas onduladas e outras formas geométricas como triângulos ou losangos, entre outros. Esta construção geométrica era feita seguindo uma princípio muito importante, a de que existia uma linguagem abstrata fundada em princípios matemáticos e existentes na natureza e que organizava o próprio universo e a razão humana.  São deste período as cerâmicas de Dipylon.

2. século VIII a.C. - a cerâmica grega passa a ser construída com um elemento novo, de natureza figurativa. São representações de pessoas e animais que são esquematizadas como silhuetas e que compõem cenas do quotidiano, ou cerimónias ligadas à vida cultural e religiosa dos gregos. Nesta fase chamada de arcaica surgem figuras negras emersas em fundo vermelho. Desenvolveu-se muito na Ática e em Atenas e caracterizava-se pela utilização de um estilete que definia os contornos e os detalhes anatómicos. O restante espaço desenhado era emerso em negro e com isso ganhava uma decoração de aspeto bidimensional. Nesta fase são nomes de destaque da cerâmica grega Exéquias e Eutímides.

3. século V a.C. - com todo o desenvolvimento das cidades-estados e do domínio de Atenas no Mediterrâneo e no Mar Negro inicia-se na pintura da cerâmica a introdução de elementos orientalizantes. A decoração de figuras de natureza mitológica, com uma mistura de animais e figuras humanas e vegetais. Este período estende-se até ao século IV a.C., e é a fase de maior qualidade da cerâmica grega. 
A criação das figuras vermelhas por Andócides, onde a superfície é toda negra e as figuras desenhadas fixam um tom avermelhado vindo da cozedura do barro dava-lhe grande expressão. As figuras ganham uma construção naturalista e de grande valor plástico, sendo a cerâmica assinada pelos seus criadores, o que revela a importância do período clássico na cerâmica grega.

Imagem do topo: Representação de Dionísio

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