sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

No céu cinzento...

O céu anuncia-se cinzento,
a noite quase fria,
e entre gente que corre,
para um fim de ano,
olho as luzes do jardim,
candeeiros,
em caminhos de silêncio.
A oliveira decrépita,
alonga-se como um braço,
em flores de verde
para os espaços de céu aberto.
Os gansos alinham-se
sob o lago,
espreitando as sombras
onduladas da água.
As acácias
despidas de folhas,
são desenhos,
de geometria irregular,
linhas que se pronunciam ao cinzento,
formas paradas de tranquilidade,
uma oração de silêncio.
O vento saiu destes rostos
e todo o verde é uma catedral,
a perpétua forma do real,
o tempo de si.
Homens com metáforas
inclinam-se hoje
para a celebração de um novo ano,
a mais efémera forma de felicidade,
 o tempo abstracto das sombras,
o caminho de florestas esquecidas.
E foi,
em veredas de pirilampos,
com montes iluminados
que lembrei os teus olhos
vivos,
da pura luz do mar,
e as tuas mãos
doces, com as minhas,
nesse altar de verde,
Massarelos debruçado
e a cidade,
a maresia do azul.

(imagem - sobre as margens do Douro)

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