terça-feira, 15 de julho de 2014

Rembrandt

A Profetisa Ana (1631, Rijksmuseum, Amesterdão)
 "O pintor persegue a linha e a cor, mas seu fim é a Poesia" (Rembrandt)

Rembrandt Harmenszoon van Rijn é um dos grandes mestres da pintura ocidental. Nasceu, justamente a 15 de julho de 1606, em Leiden, o centro intelectual do movimento que definiu a Reforma. De família humilde, iniciou na sua terra natal as experiências como desenhador e pintor. Teve a protecçao do princípe de Orange, estudou em Amesterdão na oficina do pintor Pieter Lastman, e foi seguidor de Caravaggio. Em 1631 estabeleceu-se definitivamente em Amesterdão. Rapidamente começou a aceitar alunos a que ensinava a pintar.

A sua pintura evoluiu numa primeira fase entre quadros com grandes efeitos de luz, na tradição de Jan Van Eyck, para uma representação mais atenta dos detalhes, abraça um aprofundamento psicológico e avança na última fase para um retrato com traços menos densos, mas mais firmes e realiza a aplicação da técnica do empaste. Evoluiu das figuras naturais para as repersentações místicas e para o retrato. Na sua arte há uma preocupação pela textura, pela linha, pela forma, sendo ela que conduz a expressividade do quadro.

Rembrandt conciliou várias técnicas usadas até si. Misturava as diferentes técnicas (a flamenga - pintura na cor transparente e opaca sobre os painéis de madeira preparados em branco), a de Veneza (uma camada inicial de tinta aplicada a um terreno, que serve como base para as camadas subsequentes de tinta, a técnica de pintura directa (numa única etapa, em cores), de modo a obter o melhor resultado. Rembrandt segue diferentes processos jogando muito no diálogo transparência - opacidade e nos efeios de luz. Apenas os românticos muito mais tarde veriam os efeitos poderosos na construção da imagem, pelos efeitos de luz. Trabalhou muito a consistência da própria tinta, colocando esmaltes sobre a tinta o que produzia um efeito de vitrificação. 

Rembrandt tem outra dimensão que deve ser assinalada. A sua preocupação com a velhice durante toda a vida. Deu aos velhos traços de uma vida marcada pela dificuldades da vida, mas também da própria fragilidade humana. Em A profetisa Ana, de 1631 vemos uma velha a ler, de onde emerge uma luz, de onde se adivinham as dificuldades de seguir o texto, mas também a autoridade plena do livro, neste caso, o Antigo Testamento. Contrariando a ideia da cultura clássia de secundarização da velhice, Rembrandt dá-nos neste quadro o valor da velhice e o significado da leitura, elevando-a a uma representação das possibiliades no próprio quotidiano.

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