terça-feira, 22 de julho de 2014

Edward Hopper


 "Transporta-me vagão! conduz-me tu, fragata!
P'ra longe! aqui a lama são os nossos choros" (Baudelaire)

Edward Hopper nasceu a vinte e dois de Julho de 1822, cidade onde estudou desenho e pintura. Hopper viajou pela Europa onde procurou capturar a ideia de Robert Henri, " o movimento do mundo". Hopper foi muito influenciado pela poesia de Baudelaire e a sua ideia da viagem não como um fim, um destino a alcançar, mas como um movimento libertador da respiração indivdual do homem. Em comum com Baudelaire interessava-lhe a solidão, a vida na cidade, o refúgio nas cores da noite, no negro desconhecido e nos lugares de passagem.

Foi nestes lugares, estradas, hotéis, cafés, estações de comboios que encontrou figuras que parecem emergir sozinhas no mundo, longe de casa e são figuras frágeis ou vulneráveis num mundo vasto, onde a escuridão ou o o desconhecido os interroga. Autómato de 1927 (acima) representa essa solidão da figura humana num espaço confrontada consigo própria. Parece não existir uma sociedade, onde a figura humana se encontra só, consigo própria. Com Hopper esta solidão parece ter nestes espaços melhores condições de se preencher a si própria, num aconchego habitável.

Em 1938 pintou Compartimento C, Carruagem, onde nos revela tal como Baudelaire na poesia, o gosto pelas carruagens, pelo movimento, pela deslocação, onde solitariamente se descobrem pensamentos na sucessão das paisagens encontrados, incentivando ideias consigo próprio, onde discorrem momentos sós, interiores. Hopper trabalhou com grande rigor a luz, sendo classifcado como neo-realista, onde revela uma procura por alcançar o olhar psicológico do observador, tentando definir espaços sobre o homem contemporâneo e o que o absorve no real.

Com Hopper entramos no quadro junto a estas figuras sós, onde surgem em diferentes espaços, isolados de um mundo global. Em 1940 pintou Gasolina e mais uma vez perante a luz escura da noite, um posto de gasolina, como um refúgio, uma representação de humanidade de figuras fora da realidade social, mas com os elementos que nos aproximam, a estrada, o caminho.  Hopper introduziu na pintura uma ideia de grande importância no século XX, a de que o movimento, a viagem constrói nos que viajam um mundo menos confortável, mas ainda assim pleno de possibilidades de descoberta e realização.

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