quinta-feira, 24 de julho de 2014

A ética dos "Satisfecho"

«Instaura-se uma nova tirania invisível, às vezes virtual, que impõe de forma unilateral e sem remédio possível as suas leis e regras. Ademais, a dívida e o crédito afastam os países da sua economia real e aos cidadãos do seu poder aquisitivo real. A isto há que acrescentar uma corrupção tentacular e uma evasão fiscal egoísta que assumiram proporções mundiais. A vontade de poder e posse passaram a ser ilimitadas». (1)

O medo assumiu dimensões planetárias, o que é construído pelos políticos e pela banca, por um conjunto de media que aliados em comentadores "idóneos e assertivos" nos devolvem o paradigma de exclusão dos valores de cidadania. O capitalismo, alimentado pela banca e por esta enriquecida nas suas ligações políticas avançou para o estádio zen do seudomínio global - explorar as pessoas.

A integração da Guiné Equatorial, um país conhecedor e utilizador profundo da língua portuguesa viu reconhecidos os seus exemplares esforços para melhorar a liberdade de imprensa (único país do mundo, cuja capital não tem um jornal local), ou a mortalidade infantil (70 % da população vive na pobreza e 40 % na extrema pobreza), ou o entusiasmo nas limitações da pena de morte (execuções há semanas) revelam como a CPLP se baseia nos mais elevados princípios de ética e dignidade humana.

A CPLP é um eufemismo de grandeza política assente no petróleo da Guiné Equatorial, no poder das riquezas naturais de Angola e na sede do Brasil em afirmar no exterior uma sociedade profundamente contraditória, de que a Copa deu mostras. A língua portuguesa nada vale, pois ela não é relevante na Guiné Equatorial e o próprio acordo ortográfico apenas revela o essencial, "just money". A grande missão de consensos do Presidente da República não foi capaz de convencer a nobreza de princípios de um mundo a definhar. Nada de especial. O professor Marcelo nas suas graçolas semanais disse o essencial, tentámos, mas há outros valores. Ainda bem. Ficamos sempre bem com os valores. 

(1) Papa Francisco, Roma, 13.05.2014

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