segunda-feira, 5 de maio de 2014

Leituras - Os ventos e outros contos

"Continuavam a andar recobrando o fôlego e cheirando a madressilva ao entardecer. Num monte, William Wallace olhou para baixo, e nesse momento ouviu-se flutuar o doce som da música tocada ao ar livre. Era o coral da Harpa Sagrada, no adro de uma velha igreja branca cintilando no cruzamento, lá no fundo vale." (pág. 97)

É uma das vozes mais marcantes da literatura norte-americana do século XX. Walt Whitman, figura essencial da cultura contemporânea, considerava a literatura como um quadro de meória que devolvia o mais íntimo da vida quotidiana, dos seus caminhos, das suas construções, dos seus sonhos. A literatura como respiração interior de tantas figuras humanas é o que Eudore Welty nos dá, em retratos de grande humanismo, onde os homens e o mundo se encontram para a cnstrução de comunidades.

Oscilando entre a descrição naturalista, uma observação de comportamentos e um humor refinado, Eudora Welty consagrou-se ao conto, como forma  de destacar os seus temas mais essenciais, a questão racial e a identidade de género. Juntando neste livro sete contos, escritos entre 1941e 1963, eles dão-nos esse retrato de comunidades sulistas nos anos trinta, onde dos aspectos da beleza formal, dos quadros sociais, onde o grotesco discute os aspectos mais paroquiais das cidades do Sul.

Eudora Welty dá-nos um retrato da vida das comunidades do Sul nos anos trinta, das suas representações como quadros sociais e culturais, procurando compreender, mais do que julgar. A cultura popular negra, o reconceito, a religião, o conservadorismo da classe branca nas margens do Mississípi restitui-nos uma forma de perceber os diferentes tons de um País. É um daqueles casos em que a Literatura consegue superar a História, pela riqueza e profundidade das atmosferas descritas.

Sem comentários:

Enviar um comentário