quinta-feira, 1 de maio de 2014

30 de Abril de 1945: do nazismo ... a memória do esquecimento

 "De todos os que estavam trancados naquele búnquer, ela era provavelmente a única capaz de aceitar a morte com dignidade e de se despedir tranquilamente da vida."

É uma história conhecida. A trinta de Abril de 1945, o nazismo como expressão política terminava na Alemanha com a morte de Adolf Hitler, Eva Braun e a cadela de estimação do Führer. Escondido no bunker, de onde imaginou sobreviver e governar o seu Reich de mil anos, há neste episódio mais do que o fim de uma desumanidade sem adectivação possível.

Com a proximidade do exército russo da zona da Chancelaria, Adolf Hitler e Eva Braun poriam fim àvida numa sala do bunker, onde viveram com uma corte de fantasmas, onde o primeiro imaginou acima de qualquer sofrimento o seu desejo trágico pelo fim de milhões de pessoas. Cremados pelos seus servidores os dois desapareciam nas cinzas de uma história que é mais que um episódio para o fim do terrível conflito que foi a 2ª Grande Guerra. O que mais importa neste episódio é verificar, se é que isso é possível numa história elaborada por um génio do mal, como uma pessoa conseguiu levar à morte de milhões de pessoas, tendo sido acompanhado nesse esquecimento pelo valor humano dos que morriam por tantos. 

Naturalmente pelos fantasmas de serviço, como Goebbels, Eichmann, Göring e tantos que funcionaram como "rottweilers" de um poder pessoal ilimitado de uma pessoa. Mas sobretudo como tantos o seguiram, como tantos estiveram dispostos a morrer por uma causa sem qualquer sentido de decência humano? Como um inadaptado dos tempos de Viena, pode ser o condutor de uma anestesia moral da sociedade alemã, e se nasceu no quadro social de uma crise económica e se era um orador de massas, numa teologia do absurdo, era uma pessoa com claras dificuldades de relacionamento com os outros, a quem não dava o valor individual de cada um.

A grande questão é como alguém de personalidade previsível, sem um conhecimento apurado das culturas humanas pode ser adorado por milhões. E sobretudo Eva, o que poderia ela fazer perante o rumo dos acontecimentos? O comportamento de Eva é o espelho do que foi a sociedade alemã, o conforto e o esquecimento, ou foi apenas um lamentável mas dedicado caso de dedicação a uma pessoa, um génio do mal, que nada deixou aos que sobreviveram? O livro de Angela Lambert tenta responder a estas questões recorrendo-se de fontes bibliográficas redescobertas sobre um período terrível da Humanidade.

Sem comentários:

Enviar um comentário