terça-feira, 1 de abril de 2014

Mário

Dia 1 de Abril, dia estranho, designado Dia das Mentiras, aquele em que o maior actor da sua geração decidiu partir, certamente para no céu encantar com a sua voz os angustiados anjos e com eles sorrir para o infinito com o seu irrequieto olhar. José Saramago disse dele que era uma pessoa com uma existência de sentido dramático, onde colocou na vida um questionamento apenas admirado pelos, como ele quiseram enriquecer a existência.

Mário Viegas ensinou-nos que na festa da vida, é necessário estar preparado para diversos actos, na busca de uma serenidade que nos redima da solidão, do medo, que nos faça saber utilizar a palavra como expressão de uma beleza sempre por conquistar. Na verdade poucos valeram tanto numa dimensão pessoal como ele. Abriu as portas da poesia, do teatro, do humor, do saber fazer bem, da entrega em representações impossíveis de contar.

Mário Viegas foi um poeta da palavra, declamou milhares de poemas e deu voz a tantos sonhos escondidos nas rimas imperfeitas dos poetas. Gravou diversos discos onde declamou alguns dos maiores poetas de língua portuguesa: Fernando Pessoa, Cesário verde, Ruy Belo, Almada Negreiros, Jorge de Sena, entre tantos. Fundou três companhias de Teatro, participou em diversos filmes, onde a ambição, a ingenuidade e a doçura foram sentimentos seus nas personagens a que deu voz. Recebeu alguns prémios pela sua actividade no Teatro.

Quem o conheceu não esquece a sua figura irrequieta, a sua voz doce e atenta. Todo o seu corpo se transformava em palco onde nos deu a fantasia e a imaginação da vida. Mário Viegas foi num tempo em que a cultura foi sempre marginal ao País, um Homem grande e bom. Deixamos aqui a nossa reverência a um ser superior que quis fazer pensar e interrogar os portugueses, numa atitude em que ainda hoje não passamos de débeis aprendizes. As sua voz pelas palavras dos poetas continua viva e acesa no grito das ideias que é preciso manter.A ouvir sempre, aqui num poema de António Gedeão.


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