sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Thomas More

“Não podes avaliar com que aversão me encontro nestes negócios de príncipe, não há nada de mais odioso do que esta embaixada.” (Em carta a Erasmo de Roterdão)

É uma figura maior da memória da História, esse desperdício de energias e fundamento de vida que os democratas de ocasião tanto fazem rugir pelos media, sendo uma figura de um outro tempo, mas com uma ideia sobre a sociedade humana, uma forma de procurar os princípios no governo das decisões públicas.

Thomas More foi escritor, homem de leis e destacou-se como chanceler do Reino Inglês ao tempo de Henrique VIII. Foi com Erasmo, uma das grandes figuras do Humanismo quinhentista e a sua morte trágica levou à sua canonização em 1935. O seu grande exemplo não advém tanto de defensor de uma religião, mas dos elementos que faziam a Henrique VIII criar uma nova, na justificaçao de oportunidade política.Homem de princípios, a sua negação a algumas cerimónias reais conduziram ao fim da sua vida.

Encontramos em Thomas More essa vontade de aceitar o que os princípios e a decência permitem construir, embora no futuro o Anglicanismo tenha trazido bem mais ventura à nação inglesa do que a tortuosa ideia católica de controle do poder. As ideias de Thomas More vincularam muito mais que a defesa de um credo religioso, antes a certificação de princípios de boa vontade na condução da vida dos homens.

O seu livro, A Utopia, concilia essa vontade de manter uma dignidade humana, quando defende o direito ao trabalho por todos os homens, mais do que uma mendicidade que se suporta nos que têm rendimentos para o fazer. Defendeu um número de horas de trabalho, para que todos pudessem ter um rendimento. 

Não era um socialista, nem tão pouco um ideológo católico ao serviço da religião dos Papas, mas um homem que procurou solidificar essa ideia de comunidade que vinha desde São Tomás de Aquino, da diferenciação humana. Em Thomas More e na sua Utopia vemos a preocupação humana, as funções sociais e culturais que cada indivíduo pode dar a uma comunidade. Tentou formalizar uma sociedade ideal e uma crítica ao sistema político, religioso e cultural do seu tempo na sua ideia nobre de distribuição justa do rendimento. A sua actualidade é por demais evidente.

“Eis o que invencivelmente me persuade que o único meio de distribuir os bens com igualdade e justiça, e de fazer a felicidade do género humano, é a abolição da propriedade. Enquanto o direito  de propriedade for o fundamento do edifício social, a classe mais numerosa e mais estimável não terá por quinhão senão miséria, tormentos e desesperos.” 

Thomas More, A Utopia, p. 71.

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