«Eu
sorri cheio de dor, mas dentro daquela dor tinha acabado de descobrir
uma coisa importante. (...) Dindinha uma vez dissera que alegria é um
«sol brilhante dentro do coração». E que o sol iluminava tudo de
felicidade. Se era verdade, o meu sol dentro do peito embelezava tudo...» (1)
Os
livros são territórios que nos permitem alcançar com mais facilidade a
imaginação e com eles encontramos o modo como em tempos diferentes a
infância foi olhada pela sociedade no seu conjunto. Neste sentido a
literatura é assim uma fonte para o estudo desse «território
desconhecido», nas palavras de Helena Vasconcelos.
O Meu Pé de Laranja Lima é uma incursão pela pobreza, pela incompreensão vivida pelo mundo adulto num determinado tipo de sociedade, mas acima de tudo é uma demonstração de um mundo infantil com as ferramentas do sonho, da ternura, capaz de tornar o real mais suportável. A apreensão de um mundo infantil povoado de sonhos poucas vezes nos trouxe tão emocionados para a nossa dimensão humana.
O Meu Pé de Laranja Lima é uma incursão pela pobreza, pela incompreensão vivida pelo mundo adulto num determinado tipo de sociedade, mas acima de tudo é uma demonstração de um mundo infantil com as ferramentas do sonho, da ternura, capaz de tornar o real mais suportável. A apreensão de um mundo infantil povoado de sonhos poucas vezes nos trouxe tão emocionados para a nossa dimensão humana.
Este
desencontro com a felicidade é um campo onde as sociedades
contemporâneas e a literatura coincidem pela dimensão que a própria
criança readquiriu em relação a sociedades passadas.
José
Mauro de Vasconcelos, que aqui evocamos nos noventa e quatro anos do seu
nascimento, escreveu um livro que no seu próprio tempo foi um sucesso
pela sensibilidade com que apresentou os dilemas da existência de uma
criança, que também o era de uma sociedade concreta. De origem humilde,
exerceu diferentes profissões em diferentes locais, escritor de grande
sensibilidade com uma narrativa simples e original, escreveu entre
outros, Banana Brava (1942), Rosinha minha canoa (1962), O Palácio Japonês (1969), O Veleiro de Cristal (1973) e O Meu Pé de Laranja Lima
que foi publicado em 1968. Se há livros que nos relembram as tardes em
que se iniciava a leitura do mundo, nos sabores da distante infância
este é um deles.
(1) José Mauro de Vasconcelos, O Meu Pé de Laranja Lima
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