"Se olharem com atenção para a
natureza, por exemplo, na Primavera admiram as ‘sakura’, no verão os
pirilampos, e no Outono as folhas amarelas dos bosques. Dia a dia,
observam tudo com paixão, a cada momento, como uma rotina, quase como se
fosse um axioma. Quando chega o tempo respectivo, os locais mais
famosos para se verem as flores de ‘sakura’, ou os pirilampos, ou as
folhas outonais, enchem-se de gente. Porquê?
Porque
a beleza das ‘sakura’, dos pirilampos, e das folhas do Outono,
desaparece ao fim de um tempo. Os japoneses percorrem inúmeros
quilómetros para poderem ver o esplendor da efemeridade destes
fenómenos. Mas não se limitam apenas a observar essa beleza, pois também
se aliviam ao descobrir como se espalham as flores das ‘sakura’, a luz
ténue dos pirilampos, ou como se apagam as cores vivas das árvores. Na
verdade, encontram a paz quando a beleza já atingiu o clímax, e começa a
desaparecer…
Não devemos ter medo de sonhar. Não podemos deixar-nos engatar pelas
causas dos desastres, que se apresentam com o nome de “eficácia” e
“conveniência”. Devemos ser “sonhadores pouco realistas”, avançando em
passo firme. Os humanos morrem e desaparecem. Mas a humanidade perdura. É
algo que se prolonga indefinidamente. Acima de tudo, temos de crer na
força da humanidade".
Excerto do discurso de agradecimento domPrémio Internacional da Catalunha de 2011.
Sem comentários:
Enviar um comentário