"As camadas da nossa vida repousam tão perto umas das outras que no presente adivinhamos sempre o passado, que não está posto de parte e acabado, mas presente e vivido. Compreendo isto. Mas por vezes é quase suportável. Talvez tenha escrito a história para me livrar dela, mesmo que não o consiga"
O leitor é uma história de crescimento, de descoberta de um jovem na Alemanha que viveu o Nazismo. Nele lemos uma história de desejo, de amor, de dominação na procura de um sentido que coloca o indivíduo na narrativa mais difícil de contar.
O leitor envolve-nos com os momentos de ternura, no encontro do amor, com as imagens que constroem o quotidiano do encontro e desencontro, Mark e Hanna. Dá-nos os contornos de como o Nazismo é um processo inexplicável, pelo condicionamento que colocou à geração que presenciou o mal e pela amargura mais violenta dos que morreram.
Com O Leitor compreendemos os dilemas morais da geração que recebeu a vergonha das atrocidades e de como censurar e castigar se tornou incompatível com compreender. As estátuas de pedra que fizeram de uma geração, os mecanismos de destruição mais vil do ser humano, dá-nos a arquitectura interna de uma sociedade desumanizada.
E nos confins dela, o livro, a leitura como forma de reaprender a vida e as possibilidades de sonharmos o mais íntimo do ser, "os laços azuis que anunciam a Primavera", que ainda nos poderá redimir do vazio. Esse vazio, como construtor do silêncio, como passo inicial para abrir caminhos, construir possibilidades, as que mais amamos e as que ainda desconhecemos...
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