"A
viagem não se limita a expandir a mente. Faz a mente. As nossas primeiras
explorações são a matéria-prima da inteligência (...)" (1)
É
um livro, uma ideia, um olhar sobre a natureza, sobre os outros, mas
especialmente sobre nós próprios. O real é uma dimensão fascinante do que nos é
permitido conhecer. No natural podemos reformular os princípios de uma vida
material que não sabe respirar as sombras dos bosques, o pó das estradas, ou a
liberdade das águias nas arribas montanhosas.
A
viagem, como conhecimento fazendo transpirar as palavras nos caminhos da
paisagem, entre a solidão dos passos e o horizonte magnífico, por onde já
passaram indiferentes, mas vivas, as perfumadas flores de pessegueiro. À viagem
devemos os rituais que em Primaveras sucessivas nos dão o canto das cotovias, a
renovação do tempo solar e a construção de uma geografia pessoal que se
interliga com o cosmos. É na viagem que se descobre o outro, se acrescenta uma
forma diferente, completando-se a aquisição corporal da terra e do mar, dos
rios e vales.
Num
livro que reúne textos dispersos, compreendemos que a civilização e o seu
progresso material e tecnológico constrói uma rede de excessos que são
contrários à verdadeira natureza do homem. Esta reside no movimento, pois tudo,
dos rios, aos oceanos, dos corpos celestes ao planeta faz o seu movimento
contínuo.
Com
A Anatomia da Errância Chatwin deu-nos todas as razões para fazer da viagem o
centro de uma forma de vida que alimenta os caminhos da imaginação. O real,
ainda é uma fonte inesgotável de inspiração e de conforto existencial.
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