
O dinheiro destrói as pessoas. Há uma arrogância própria dos ricos. Com poucas excepções, em todos os países os ricos mostram essa peculiar imagem de se sentirem com poder para alterar o que quer que seja, até os deuses, podem até comprar os seus deuses. Riquezas não são apenas as materiais mas também as que vêm da possibilidade de se fazerem coisas. Essa possibilidade dá ao homem um falso sentido de liberdade. Ele sente que está acima dos outros homens, que é diferente. Tudo isso lhe transmite um sentido de superioridade; ele distancia-se e olha de longe o mal-estar dos outros; ele não se apercebe da sua própria ignorância, da escuridão da sua mente.
Dinheiro e possibilidade oferecem um óptimo escape para se fugir dessa escuridão. Afinal, a fuga é uma forma de resistência, que alimenta os seus próprios problemas. A vida é uma coisa estranha. Feliz, o homem que é nada. (págs. 34-35)
(Krishnamurti foi um desses homens raros que os tempos passados deram na Índia a formulação de um misticismo que sempre nos fascina. Companheiro de algumas das iniciativas de Gandhi, formulou para estes tempos de cegueira o essencial, a criação por cada um de nós de uma realidade paralela à que já existe. Num tempo de gestação de pessoas de excelência, de formatação econométrica, em escolas de desigualdade, o velho misticismo indiano ainda nos responde, que o egocentrismo, o consumismo, a procura da glória vã, como um dos pilares da infelicidade humana).
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