
A História está sempre a acabar, porque ela não existe realmente como essa entidade chamada História. Ela é a teia que se faz e desfaz continuamente e acabará por ser realmente uma outra coisa. (...) Sei que entrámos em qualquer coisa que até hoje era inédita e desconhecida. Vamos ver quais serão os seus efeitos. Sempre as coisas que os homens inventaram tiveram duas leituras, uma boa e outra má, que são extraordinárias. Este nosso génio do mal, ou o que se queira chamar, também tem a sua palavra. A palavra que diz "não".
Eu tenho também um pouco essa sensibilidade e é por isso, relamente, que aquilo que nós chamamos História também é uma ficção. Tudo isso é um pouco a história das metamorfoses, da nossa capacidade maléfica, e também a capacidade de recuperarmos esse mal, e esse mal é recuperado pela criação, pela poesia, pela música, pela habilidade que nós temos para nos servirmos das coisas espantosas, inumanas. Essa habilidade é escusado de ser demonstrada, porque a História humana não é outra coisa senão isso"
(Um livro para descobrir acima das palavras definidas com "a precisão de um ponteiro" (Sophia), o encanto de uma personalidade que descobriu no granito, o sabor da terra, o valor de tecer luz capaz de voar sob todas as ortodoxias. Um pequeno livro para descobrir Eduarso Lourenço, em temas diversos, a vida, a história, o mundo, a poesia e os poetas).
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