"Transporta-me vagão! conduz-me tu, fragata!
P'ra longe! aqui a lama são os nossos choros" (Baudelaire)
Edward Hopper nasceu a vinte e dois de Julho de 1822, cidade onde estudou desenho e pintura. Hopper viajou pela Europa onde procurou capturar a ideia de Robert Henri, " o movimento do mundo". Hopper foi muito influenciado pela poesia de Baudelaire e a sua ideia da viagem não como um fim, um destino a alcançar, mas como um movimento libertador da respiração indivdual do homem. Em comum com Baudelaire interessava-lhe a solidão, a vida na cidade, o refúgio nas cores da noite, no negro desconhecido e nos lugares de passagem.
Foi nestes lugares, estradas, hotéis, cafés, estações de comboios que encontrou figuras que parecem emergir sozinhas no mundo, longe de casa e são figuras frágeis ou vulneráveis num mundo vasto, onde a escuridão ou o o desconhecido os interroga. Autómato de 1927 (acima) representa essa solidão da figura humana num espaço confrontada consigo própria. Parece não existir uma sociedade, onde a figura humana se encontra só, consigo própria. Com Hopper esta solidão parece ter nestes espaços melhores condições de se preencher a si própria, num aconchego habitável.

Com Hopper entramos no quadro junto a estas figuras sós, onde surgem em diferentes espaços, isolados de um mundo global. Em 1940 pintou Gasolina e mais uma vez perante a luz escura da noite, um posto de gasolina, como um refúgio, uma representação de humanidade de figuras fora da realidade social, mas com os elementos que nos aproximam, a estrada, o caminho. Hopper introduziu na pintura uma ideia de grande importância no século XX, a de que o movimento, a viagem constrói nos que viajam um mundo menos confortável, mas ainda assim pleno de possibilidades de descoberta e realização.
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