
O Independent considera-o o livro do
século e mesmo sabendo que as generalizações são muito redutoras e feitas por
vezes de apreciações precipitadas, neste caso é uma classificação que se
compreende pela dimensão da escrita que encontramos, no livro de Halldór
Laxness, Gente Independente. O livro publicado em 1935 e que permitiu a
Lalldór Laxness o Nobel da Literatura em 1955 é uma epopeia que embora partindo
de uma situação particular, a Islândia do início do século XX e a sua história
torna-se uma narrativa universal por aquilo que envolve a sua construção.
Gente Independente tem em Bjartur uma criação fantástica que o coloca ao lado de um leque de personagens essenciais da Literatura. Bjartur tem um sonho, ser um homem independente, pois para ele, o maior desejo do homem é a sua liberdade. A liberdade carece de independência e assim a sua maior conquista na vida é construir essa independência. Ao lado de Bjartur existem um conjunto de personagens que nos dão um retrato da Islândia e uma forma de vida muito particular.
Gente Independente é uma composição humana à procura de um sentido humano da independência numa terra de condições geográficas muito difíceis, mas também de conquista de um modo de felicidade na terra dos homens. As análises da vida social são integradas num esforço humano de superação e numa descrição de paisagens naturais de grande beleza, de grande afirmação do mundo natural.
Gente Independente é um livro monumental, pela dimensão, pela temática, pela interrogação ao mundo social, pela dureza de muitas das opções feitas, das vidas vividas, mas é também um livro especialmente terno. Gente Independente consegue ser comovente na história de um homem, de uma natureza irónica fascinante, uma pronunciação de verdadeira liberdade, o pensamento criador de uma acção, mas também revoltante por aquilo que nos faz viver.
A leitura do livro não é fácil pois a dimensão dos parágrafos e as tensões propostas na luta das personagens implicam muito esforço. É um grande livro que nos faz emergir numa atmosfera que em muitas circunstâncias queremos pertencer, sobretudo estar junto de Bjartur e da sua luta estóica, indómita pela conquista de um ideal a que tenta juntar um sentido de compaixão e de amor pela família.
A luta de Bjartur é a tentativa de construir uma vida livre e digna. O final do livro acaba por ser uma decepção, pois após a conquista da sua independência, a formulação de algum conforto retira-lhe a liberdade. Fica a esperança sempre a reconstruir as perdas e o que sobra dela. Um livro mágico e de uma beleza estonteante, no sentido mais puro que a Literatura pode ser. Gente Independente acaba por ser uma metáfora real sobre a Islândia, o gelo e o fogo. E nesse sentido Bjartur é a sua melhor forma de a compreender, o homem e a natureza, o social e a liberdade.
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