"Aproximou-se ainda mais do mudo e baixou a voz, num sussurro embriagado: - E porque será? Porque é que persiste este milagre da ignorância? Por causa de uma única coisa: conspiração. Uma conspiração pérfida e imensa. O obscurantismo."

Um conjunto de personagens desfilam desejos, esforços, caminhos sem futuro, numa ideia de indefinição das suas vidas, de algo concretizável, a que não chegam, embora tudo dêem para serem amados e compreendidos, tentando o emprego, o sonho, a amizade, a integração num meio, a sociabilidade que dê sentido às suas vidas.
Singer e Antonopoulos, dois surdos-mudos que se tentam organizar numa forma de vida, do mais simples possível, da coerência de algum sentido às suas existências, da amizade capaz de construir um quotidiano de significado. A comunidade, os outros, onde todos os gestos não fazem sentido, quando não partilhamos um sentido de pertença. Biff, Jake Blount e o médico negro, Drº Copeland, a luta por uma vida acima das dificuldades da sobrevivência, os gestos antigos por uma luta de direitos e de dignidade humana.
Mick, o sonho interior, a imaginação dentro da cabeça, a que supera todo o real adverso e insensato. Willie e Portia, entre os caminhos de uma sociedade sem justiça, a alienação moral da comunidade negra e a família ainda e o que pode ser neste mundo de fome e dívidas contínuas. O coração é um conquistador solitário é um livro sobre a natureza humana, os bloqueios do obscurantismo que se propaga como uma doença. A doença da civilização, onde ficamos sozinhos em cada respiração, em cada sonho.
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