
Se os investimentos seriam para melhorar a vida de populações carenciadas, o que foi feito dos impostos pagos até ao momento? São precisos incentivos para que o poder político se interesse pelas pessoas, cuide das suas necessidades básicas? Que tipo de poder se organiza nesta ausência de dignidade? Há um retorno de todos estes estádios novos? A FIFA paga impostos? É um negócio de privados e para privados. Os negócios locais de comércio vão mais uma vez valorizar os que já têm. As oportunidades dadas à cultura indígena foram muito residuais.
Valeu a pena a indecência de tudo o que o poder político forçou com a utilização da polícia militar que fez lembrar a militarização dos tempos da ditadura e dos militares? O que as UPPs realizaram nas favelas, deslocando pesoas, retirando-lhes ligação à comunidades, destruindo casas, não indeminizando a sua propriedade, matando pessoas é compatível com uma dita festa desportiva? É aceitável transformar um centro cultural indígena num museu olímpico ou afastar as comunidade índias dos seus lugares de habitação?
A copa do mundo de futebol de 2014 mostrou como um governo liderado pela esquerda pode ser tão cego perante as pessoas e as suas dificuldades como o de direita. O que temos é sempre o prodígio do dinheiro e o que querer impressionar os outros do que não se é. O Brasil com o estado de pobreza e de carência em saúde e educação não ganhou nada com este investimento. As pessoas não ganharam. Os resultados decepcionates no campo desportivo vieram mostrar como são inúteis muitos processos políticos. A verdade e as pessoas são o que mais importa. Um poema de Drummond, que muitos ainda não entenderam. O poder e o dinheiro são cegos na sua lúxuria, no seu desejo preverso de viver no lixo do luxo de alguns e na pobreza da maioria.
Adeus chutes e sistemas.
A gente pode, afinal,
cuidar de nossos problemas.
Faltou inflação de pontos?
Perdura a inflação de feto.
Deixaremos de ser tontos
se chutarmos no alvo exato.
O povo, noutro torneio,
Havendo tenacidade
Ganhará, rijo, e de cheio,
a Copa da Liberdade."
Drummond de Andrade, C. (1992). Poesia e prosa. Rio deJaneiro: Nova Aguilar.
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