
Não têm nada de
comum nem comigo nem com o sol. Vêm de um mundo onde a aliança foi
quebrada. Mundo que não está religado nem ao sol nem à lua, nem a Ísis,
nem a Deméter, nem aos astros, nem ao eterno. Mundo que pode ser um
habitat mas não é um reino.O reino agora é só aquele que cada um
por si mesmo encontra e conquista, a aliança que cada um tece.
Este é o
reino que buscamos nas praias de mar verde, no azul suspenso da noite,
na pureza a cal, na pequena pedra polida, no perfume do orégão.
Semelhante o corpo de Orpheu dilacerado pelas fúrias este reino está
dividido. Nós procuramos reuni-lo, procuramos a sua unidade, vamos de
coisa em coisa. É por isso que eu levo a ânfora de barro pálido e
ela é para mim preciosa. Ponho-a sobre o muro em frente do mar. Ela é
ali a nova imagem da minha aliança com as coisas. Aliança ameaçada.
Reino que com paixão encontro, reúno, edifico. Reino vulnerável.
Companheiro mortal da eternidade." (1)
(A poesia que é sinónimo da sua palavra, Sophia e do seu perfume. O que nos dá o encanto impressivo da claridade que tanto procuramos na compreensão do
possível onde se fragmentam os nossos passos de sol nas ondas de azul.
Nos lugares onde ambicionamos a substância de um encontro real, a voz
dos nossos precários desejos. Sophia é, nunca é demais relambrar a sua mensagem única, vivida na Poesia, pelas possibilidades
que nos deu de saber olhar e com ele construir a própria linguagem, o
seu reino.)
(1) Sophia, in "Arte Poética 1"
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