
Com o tempo, sinto cada vez mais ao meu lado a presença de Bach e de Lao-Tzu. Ajudaram-me a ultrapassar as provações do passado, e ajudar-me-ão ainda a enfrentar as que me esperam, porque me parece que o mais difícil ainda está por vir: encontrar finalmente a liberdade interior. (...)
À noite, tenho dúvidas, tenho medo dos outros, de mim, e sinto com violência a minha impotência, a minha incapacidade para atingir a perfeição. Mas de manhã, sei que ele está ali, na sala ao lado, à minha espera. É uma promessa de felicidade sempre constante. O meu piano. Olho o céu de Zhangjiako. E ouço a minha avó contar-me. Foi na noite em que nasceste..."
(Um
retrato indescritível de uma jovem que viveu esse pesadelo que foi a
Revolução Cultural e nos dá, não só a violência sobre o indivíduo, a
morte de qualquer intimidade com a consciência, mas sobretudo a forma
corajosa de como com a Arte pôde sobreviver a esse pesadelo. Um relato
verídico e fascinante de uma pianista, que com Mozart e Bach venceu os
mais baixos princípios de um poder sem alma e virtude).
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