segunda-feira, 21 de abril de 2014

Memória de Charlotte Brontë

"Do you think, because I am poor, obscure, plain, and little, I am souless and heartless? You thing wrong! I have as much soul as you, and full as much heart!" (pág. 152)

Jane Eyre é um dos livros da literatura clássica que nos dá a atmosfera das relações sociais e humanas da Inglaterra do século XIX.  Charlotte Brontë tornou-se uma das escritoras mais conhecidas de oitocentos, e Jane Eyre é grande medida uma autobiografia do que foi a sua curta vida, mas também do que eram as possibilidades das crianças nascidas em ambientes de dificuldades económicas e da própria perspectiva da participação da mulher na sociedade e na arte.

Charlotte Brontë nasceu  a vinte  e um de Abril de mil oitocentos e dezasseis no Yorkshire, em Inglaterra. Filha de um pastor irlandês, viveu a infância num presbitério isolado e pobre. Após dificuldades e insucessos vários, Charlotte, Anne  e Emily viram na escrita uma possibilidade de sobrevivência. Foi com o pseudónimo masculino de Currer Bell que Charlotte Brontë escreveu Jane Eyre, onde os traços biográficos entre ela e a personagem de ficção é muito evidente. Em ambas conhecemos os maus tratos, a difícil infância, a frequência de um colégio interno e a tentativa de ensaiar pela coragem, pela observação do quotidiano um caminho de esperança, de mudança.

Jane Eyre, publicado em 1847 é um livro onde as figuras femininas se encontram num conflito entre as suas características sociais e os seus desejos, tendo deixado além de Jane Eyre dois outros títulos,  Villete de 1855 e O professor de 1857. Na sua escrita vemos a fusão entre o romance e o realismo, trazendo para a literatura o papel e a possibilidade de a mulher por si construir um papel no mundo e a ideia de uma coerência moral como força para manter uma dignidade do espírito humano. Dá-nos a ideia de construir uma vida independente sem o obrigatório casamento e retrata-nos as condições dos orfanatos.

Jane Eyre tem em si os elementos do que seriam as ideias de emancipação das mulheres, mas também o romance moderno capaz de analisar o valor individual de cada pessoa, nessa ideia da consciência como elemento de decisão humano. Encontramos aliás em Jane Eyre um conjunto de ideias que ainda são de grande relevância, tais como:
  •  Ultrapassar as dificuldades do passado:
    “Life appears to me too short to be spent in nursing animosity or registering wrongs.”
  • A capacidade de cada um decidir a sua vida - Jane Eyre enfrenta a adversidade e acredita em si para ultrapassar as dificuldades, mesmo sem dinheiro e sem família, está sempre a perseguir o sonho de encontrar alguma felicidade.
  •  A ideia de cada um expressar o que sente:“'...it is madness in all women to let a secret love kindle within them, which, if unreturned and unknown, must devour the life that feeds it; and, if discovered and responded to, must lead, ignis-fatuus-like, into miry wilds whence there is no extrication".
  • A ideia de ser positivo de acreditar nas possibilidades de cada um - “Even for me life had its gleams of sunshine.” 
  • A capacidade de revelar resistência às dificuldades -“Yet it would be your duty to bear it, if you could not avoid it: it is weak and silly to say you cannot bear what it is your fate to be required to bear.” 
  • A ideia da vida como uma construção de possibilidades, onde os riscos podem ser oportunidades - “I remembered that the real world was wide, and that a varied field of hopes and fears, of sensations and excitements, awaited those who had the courage to go forth into its expanse, to seek real knowledge of life amidst its perils.”
  • A ideia essencial de assumirmos livremente as nossas ideias e de as defendermos com energia e o mais importante, sendo uma história de um romance, ter no amor o elemento essencial no encontro entre duas pessoas - "...I do not want a stranger--unsympathizing, alien, different from me; I want my kindred: those with whom I have full fellow-feeling."
 Jane Eyre é um imenso livro, que de uma atmosfera do século XIX tem muito para oferecer a quem o ler. A quem o seu universo interessar, do Huffingpost e um livro.

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