
De Mário Viegas as palavras serão sempre poucas, raras, marginais para descrever a entrega a elas e à poesia. Raras para o assombro da voz, a plasticidade do rosto, a expressão dos olhos, a fúria por aquilo que consome o actor e o que o faz amar, em múltiplas cabeças, o que o torna humano e universal, quando "ornamenta Deus com simplicidades silvestres". (Herberto Helder, "O Actor")
Dele
ficará sempre a doçura e a raiva na voz contra o que desejamos e não
sabemos ser, contra o conformismo perante o verniz que destoa a
claridade do dia e o perfume das maçãs. Fomos com ele um sonho de manhã
silvestre, por onde hoje caminhos efémeros se diluem, ainda que tenhamos
nos olhos o mês de Maio. Acreditemos que esta é a melhor mentira do dia 1 de Abril e que ele ainda todas as manhãs sonha connosco o nascer de todas as palavras.
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